24.4.24

Sobre Atlas da IA, de Kate Crawford




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Atlas da IA — Poder, Política e Custos Planetários da Inteligência Artificial, de Kate Crawford (tradução de José Miguel Silva)


Baseando-se em mais de uma década de investigação, Kate Crawford expõe a IA como tecnologia de exploração, não apenas dos recursos da terra ou dos empregados de baixa qualificação, mas também dos dados de cada ação e expressão, contribuindo para o aumento de desigualdades económicas e sociais. Para tal, Crawford oferece-nos uma perspetiva material e política sobre o que é necessário fazer.

Este é um relato urgente do que está em jogo numa altura em que as empresas de tecnologia recorrem à IA, de forma exponencial, para remodelar o mundo.


Nomeado um dos "Cinco Melhores Livros a Ler sobre a IA” pelo The Wall Street Journal.


“Uma obra-prima.” [Karen Hao, MIT Tech Review]


“Expõe o lado sombrio da IA. [...] Uma investigação meticulosa e uma escrita soberba.” [Nature]


“Uma visão abrangente da IA […]. Uma contribuição oportuna e urgente.” [Science]


“Revela os custos ocultos da IA, desde o consumo de recursos naturais até aos custos mais subtis para a nossa privacidade, igualdade e liberdade.”

[New Scientist, “Melhores Livros do Ano”]


“Uma perspetiva valiosa sobre vários exageros em torno da IA, assim como um manual útil para o futuro.” [Financial Times]


“Este incisivo livro demonstra repetidamente que a inteligência artificial não nos chega como um deus ex machina, mas sim através de uma série de práticas extrativas e desumanizadoras que a maioria de nós desconhece.” [The New York Review of Books]


Mais informação em https://www.relogiodagua.pt/produto/atlas-da-ia/

De Sonata para Surdos, de Frederico Pedreira

 


“Duas vozes de mulher entrecortadas por suaves mãos que experimentavam a felicidade da carne, uma só respiração igualmente soberba e bifurcada que ia ganhando corpo em reluzente coluna. Jónica? Como o modo musical grego? Não, começava a dispersar-se, e, fosse como fosse, se calhar não era com as suas grandes orelhas que escutava agora à porta do apartamento, se calhar ouvia tudo com a surdez interesseira da imaginação. E, fosse como fosse, a imensa coluna que formavam essas duas vozes lânguidas só poderia ser uma ofuscante cariátide, elevando a beleza, esse começo do terrível, uns centímetros acima da sua cabeça delirante. Depois de se debater com sombras inexistentes que pareciam prendê-lo àquela porta como ao martírio de um muro, Francisco deixou que o seu coração disparasse à larga, não se preocupando já em sossega-lo, todo ele retesado para um combate que dispensava de bom grado as armas do género masculino. Numa palavra, abandonou-se ao espanto tingido de desespero, embora não se tratasse do espanto suscitado pelo novo, que nos acomete, por exemplo, na presença de um inesperado arco-íris; não era sequer um espanto simpático ou empático, o seu, pois sabia que um fundo selvagem o animava, com o mesmo gosto ferino com que o animal destrói a sua presa, rasgando-lhe a pele num começo de luxúria.”


Sonata para Surdos e outras obras de Frederico Pedreira estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/frederico-pedreira/

Sobre Minha Ántonia, de Willa Cather

 


Minha Ántonia é o mais importante romance de Willa Cather.

O narrador é Jim Burden, que nos fala de Ántonia, uma jovem mulher originária da Boémia, com quem tem uma relação entre o fraterno e o amoroso.

Mas o livro não é apenas o retrato de uma mulher. É também um fresco que evoca com cores nítidas os imigrantes que lutam contra um solo difícil, que têm de lidar com cavalos e lobos que vivem em liberdade na incomparável planície do Nebrasca.

O mundo de que nos fala é intenso, belo e muitas vezes trágico.

Willa Cather é uma pioneira da literatura dos grandes espaços, retomada mais tarde por escritores como Jim Harrison e Cormac McCarthy.


«Nenhuma narrativa romântica escrita na América, por um homem ou uma mulher, alcança metade da beleza de Minha Ántonia.» [H. L. Mencken]


Minha Ántonia (trad. Marta Mendonça) e outras obras de Willa Cather estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/willa-cather/

Sobre 31 Sonetos, de William Shakespeare


 

«De entre os 154 sonetos que William Shakespeare nos deixou, publicados em 1609, já no reinado de Jaime I, e que se julga terem sido escritos ao longo de toda a sua carreira, escolhi 31 para esta antologia. Para além do critério de gosto, sempre subjectivo mas nunca irrelevante, essa escolha não foi arbitrária. Os primeiros 126 sonetos do poeta e dramaturgo inglês são dirigidos a um homem, jovem, belo e nobre, geralmente referido como “lovely boy”, ou “fair youth”, amado e idolatrado pelo poeta, que sabe não ser retribuído o seu amor. Os restantes sonetos (do 127 ao 152) são dedicados a uma mulher, normalmente referida como “dark lady”, perigosamente sedutora, uma amante traidora e cruel, mas capaz também de despertar satisfação sexual. Por sua vez, os dois últimos sonetos (153 e 154) recorrem à figura de Cupido para fechar o triângulo amoroso sugerido pela presença do jovem e da mulher como destinatários, exprimindo o conflito entre o poeta e os seus dois objectos amorosos, mas não tratando directamente as temáticas presentes nos dois primeiros grupos: a passagem inexorável do tempo, a procriação, o desejo, o erotismo, o ciúme, o abandono, a paixão, ou a força da palavra e da poesia como única forma de perpetuar a beleza e o amor — e a memória do amor.

Seleccionei 25 sonetos de entre o primeiro grupo, os dedicados ao homem jovem, 5 sonetos de entre o segundo grupo, os dedicados à mulher escura e infiel, e o Soneto 154, o último de toda a série. Casos houve em que os sonetos foram agrupados (como os Sonetos 88, 89 e 90), visto dialogarem entre si e se constituírem como argumento próprio. Pareceu-me que esta escolha ofereceria a quem lê uma amostra expressiva do conjunto completo.» [Da Introdução de Ana Luísa Amaral]


31 Sonetos (trad. Ana Luísa Amaral) e outras obras de William Shakespeare estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/william-shakespeare/

Sobre Extraterritorial, de George Steiner

 


Nesta colecção de ensaios, George Steiner relaciona a «revolução da linguagem» com a experiência literária. De que modo o acto de ler e o modo como respondemos aos nossos processos imaginativos se alteraram sob a pressão das novas teorias gramaticais e linguísticas? É o espaço extraterritorial de certos escritores — como Beckett, Borges e Nabokov — representativo de uma alteração na relação entre o escritor e o seu discurso narrativo? Existirão aspectos nos mais recentes desenvolvimentos das ciências da vida que influenciem directamente a imagem que temos do homem como um “animal que fala”?

Do ponto de vista de Steiner, a inclusão de energias e formas especulativas de ciência na actividade literária e na vida normal da imaginação irá revitalizar as nossas vidas, as crenças que possuímos e as expectativas que poderemos ter sobre a sobrevivência de uma cultura ameaçada de esclerose. 


Extraterritorial (tradução de Miguel Serras Pereira) e outras obras de George Steiner estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/george-steiner/

Sobre Anne de Avonlea, de L. M. Montgomery

 


Com quase 17 anos, Anne Shirley é a nova professora da escola rural e uma ativa participante de grupos de desenvolvimento para Avonlea. Mas o seu temperamento mantém-se.

À alegria e graciosidade que tinha em Anne das Empenas Verdes, adiciona-se o charme da sua crescente feminilidade, assim como novas personagens que trazem ainda mais brilho à história.


Anne de Avonlea e Anne das Empenas Verdes (trad. Maria Eduarda Cardoso) de L. M. Montgomery estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/l-m-montgomery/

23.4.24

Sobre Ressurreição, de Lev Tolstoi


 

«Em Ressurreição, além disso, o regresso à terra, como o correlativo físico do renascimento da alma, é belamente expresso. Antes de ir atrás de Máslova até à Sibéria, Nekhliúdov resolve visitar os seus domínios e vender a propriedade aos camponeses. Os seus sentidos fatigados brotam para a vida; vê­‑se a si mesmo uma vez mais como era antes da “queda”. O sol brilha no rio, o potro focinha e a cena pastoril impõe a Nekhliúdov a plena compreensão de que a moralidade da vida urbana é fundada sobre a injustiça. Porque, no dialecto de Tolstoi, a vida rural cura o espírito do homem, não apenas através das suas belezas tranquilas, mas também no facto de abrir os seus olhos para a frivolidade e explorações inerentes a uma sociedade de classes. (…)

Em Ressurreição, tudo se baseia num puro golpe de acaso — o reconhecimento de Máslova por Nekhliúdov e a sua nomeação para o júri que lida com o caso dela. O facto de isto poder ter acontecido na “vida real” — o caso foi relatado a Tolstoi por A. F. Koni, um funcionário de São Petersburgo, no Outono de 1877, e a desafortunada heroína tinha o nome de Rosalie Oni — não altera a sua qualidade improvável e melodramática.» [George Steiner em «Tolstoi ou Dostoievski»]


Ressurreição (trad. António Pescada) e outras obras de Lev Tolstoi estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/lev-tolstoi/